Quando engravidei, o que sempre importou para mim era que a minha filha
nascesse bem. Portanto, nunca fui militante de nenhum dos lados, mas
quando comecei a colocar na balança o que seria melhor, a cesárea ficou
em primeiro lugar. Já tinha escutado histórias de mulheres que optaram
pelo parto normal e na hora H, por diferentes complicações ou por não
aguentarem a dor, tiveram que optar pela cesárea. Eu, que ainda demorei a
engravidar, não queria colocar a vida da minha filha em risco. E
marcamos a data de acordo com o número de semanas da gravidez.
Eu estava com cerca de 35 semanas quando comecei a sentir algo estranho
que era como uma vontade de ir ao banheiro sem ter realmente a
necessidade de ir. Não tinha dor nem nada, mas minha médica disse que
eram contrações. Com isso, ela me sugeriu um inibidor por alguns dias e
pensamos no dia para a cesárea.
Teve até um significado: foi na data em que eu e meu marido nos
conhecemos, três de dezembro. Além disso, a Mirela nasceu em uma
quinta-feira e muitas pessoas da minha família nasceram em uma
quinta-feira. Mas escolhemos porque acabou coincidindo.
No dia, acordei e tomei café da manhã tranquilamente. Depois disso,
fiquei seis horas de jejum. Mas nem era um problema: eu estava tão
ansiosa que até perdi o apetite! Entrei no hospital ao meio-dia e a
Mirela veio ao mundo às 15h36. Nem senti a anestesia – era algo que eu
temia um pouco por ter pressão alta e estar acima do peso. Mas fiquei
bem tranquila conversando com os médicos enquanto já tinha um pano
branco bem diante dos meus olhos.
A minha barriga já estava aberta. Quando a médica estava prestes a tirar
a Mirela de dentro de mim, fui questionada se eu queria vê-la nascendo.
Porém, como eu estava bem, tive medo de me deparar com aquela cena e me
emocionar a ponto de algum imprevisto surgir. Tive medo que minha
reação pudesse dar um pico de pressão e fui bem consciente nesse
momento.
Nisso, o pai viu: ela nasceu e chorou, foi enrolada em um pano e a vi.
Pareceu que, quando ela chegou mais perto, parou de chorar na mesma
hora. Logo ela foi para o berçário com o pai, que ficou o tempo inteiro
com ela. Eu brinco que eu a gerei por nove meses para ele ter os
primeiros cuidados com ela.
Depois disso, fui sedada por um período de umas duas horas para ser
colada – nem tive que levar pontos, minha cicatriz é quase imperceptível
– e voltei para o quarto. Logo depois a Mirela chegou com vontade de
mamar e veio direito para o peito.
Com 24 horas da entrada no hospital eu já podia ser liberada, mas acabei
ficando um pouco mais para receber as dicas sobre os cuidados sobre
amamentação, banho e outros toques que a equipe de enfermagem nos deu.
A recuperação pós-parto foi muito tranquila. Eu costumo dizer
que, se eu senti alguma dor, a preocupação com a Mirela deixou essa dor
de lado. Para mim, não foi nenhum bicho de sete cabeças.
Eu faria cesárea novamente, mas adiaria um pouquinho a data para o
nascimento do bebê. Não realmente até estourar a bolsa, mas o máximo que
puder. Eu marquei para ela nascer com 38 semanas e quatro dias e, assim
que ela nasceu, a neonatologista disse que pode haver uma variação pelo
que se vê nos exames e a Mirela nasceu mesmo com 37 semanas e um dia.
Se eu tivesse marcado dois dias antes, ela teria nascido prematura.
Felizmente tudo correu bem. Mas eu esperaria mais uma semana, por
exemplo, se soubesse disso antes.
Eu acredito que mãe, para ser mãe, não precisa necessariamente sentir a
dor do parto. Se isso fosse verdade, a adoção não seria um ato tão
lindo. Por isso, não me considero menos mãe por ter optado pela cesárea.
Preferi não colocar as nossas vidas em risco, nem a minha e nem a da
Mirela, e sou muito feliz por isso.
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